Imagem da Personagem Norman, do filme Psicose

Saúde mental em cena: o que o filme psicose nos ensina sobre distúrbios psicológicos 

Existe um ditado que diz “A arte imita a vida”. É neste sentido, que o artigo de hoje se debruça, analisando o cinema e a saúde mental, sob a ótica da psicologia, com um foco especial no filme Psicose

Para tanto, farei um paralelo entre o filme do cineasta Alfred Hitchcock e alguns aspectos de distúrbios psicológicos que parecem estar presentes na personagem principal: Norman Bates. 

Antes de tudo, vale lembrar que o filme de 1960 é um clássico do cinema.

Se você nunca ouviu falar sobre o filme, pode encontrá-lo facilmente em plataformas de vídeos. 

Pois, assistir esse filme pode revelar mais do que uma criação cinematográfica: é uma verdadeira janela para questões profundas da psique humana. 

Para iniciar, o filme retrata a vida de Norman Bates (Anthony Perkins), o gerente do isolado Bates Motel, que à primeira vista, parece ser um homem muito educado e até mesmo tímido. 

o entanto, à medida que a trama se desenrola, somos apresentados a um ser humano perturbado e com uma mente fragmentada, revelando um comportamento sombrio e violento, evidenciando o acúmulo de traumas e o ambiente em que Bates está inserido. 

Distúrbios Psicológicos de Norman Bates 

Imagem da personagem Norman bates em que retrata bem seu olhar e gestual agressivo.

Norman apresenta sintomas clínicos bem clássicos, como o Transtorno Dissociativo de Identidade.  

Após a morte de sua mãe, uma mulher sufocante no convívio com o filho, Norman começa a “incorporar” a identidade dela, agindo com traços da mãe, como usar suas roupas, por exemplo. 

Nesse momento, ele cria uma segunda identidade, que se mistura com a realidade, e ele já não consegue diferenciar o que é real e o que são alucinações. 

O protagonista passa a cometer crimes, mas não reconhece como culpa sua, e sim de sua segunda identidade, a mãe. 

Esse transtorno, frequentemente incompreendido na vida real, ilustra como os traumas da infância podem afetar a mente humana e desencadear respostas de autoproteção da psique. 

Embora no filme haja um exagero dramático, o transtorno retratado é real. 

Outros Traumas no Filme Psicose 

A trama também aborda temas como dependência emocional, abuso mental e repressões de cunho sexual. 

Cena em que Norman espia por um buraco

A mãe de Norman era uma mulher controladora e possessiva. Ele cresceu dependendo emocionalmente dela. Isso fez com que ele tivesse dificuldades em lidar com a perda. Assim, seu psiquismo buscou reviver a figura materna, criando uma realidade paralela onde age como se fosse sua mãe e, de forma disfuncional, lida com a dor e a perda. 

Complexo De Édipo? 

Podemos considerar também a hipótese do complexo de Édipo, um conceito psicanalítico que sugere que a criança, entre 3 e 4 anos de idade, desenvolve uma espécie de vínculo amoroso com um dos pais, gerando hostilidade em relação ao outro.  

No caso de Norman, sua relação com a mãe poderia indicar que ele nunca superou seu amor por ela, algo que poderia ser interpretado como o Complexo de Édipo.

Nessa análise cabe a hipótese de que o viver como se fosse sua mãe, possa representar a não formação da própria identidade, sendo assim, não é ele quem mata e sim a mãe. 

Esse conceito, embora complexo, pode ser melhor abordado em outro artigo. 

Imagem de Psicose em que Normam Bates está em surto e vestido como a mãe.

Vale ressaltar que Psicose é apenas um filme, ok?

Norman Bates é uma personagem fictícia, com as características de um vilão construídas para causar impacto dramático e prender a atenção do público. 

O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) é uma patologia rara, embora presente em diferentes graus.

No entanto, preciso ressaltar que, a violência e, características homicidas, não são necessariamente distúrbios.

Assim como, um psicopata, não cometerá crimes por ser psicopata e o TDI não implica rigorosamente em comportamento agressivo. 

Ao trazer essa comparação, a ideia é mostrar como os traumas infantis, relações tóxicas e complexas podem refletir em comportamentos e características em nossa vida adulta. Muitos desses aspectos se manifestam em atitudes que, muitas vezes, não entendemos e que podem nos incomodar, mas é preciso  

reconhecer que, na maioria das vezes, estão enraizadas em experiências traumáticas do passado que precisam ser tratadas e compreendidas. 

É fundamental que olhemos para essas questões com empatia e busquemos, sempre que necessário, ajuda profissional. Nossas atitudes, por mais incompreensíveis que possam parecer, geralmente são estratégias do nosso cérebro para evitar que traumas semelhantes aconteçam novamente. 

No entanto, sem autocompreensão, podemos nos isolar de aspectos importantes de nossa vida e de oportunidades que poderiam ser transformadoras. A cura, como sempre, começa no entendimento e na aceitação. 

Conclusão 

Psicose nos apresenta Norman Bates como um personagem que, sob a ótica da psicologia, é mais do que um vilão de cinema: ele representa o retrato simbólico de uma mente em colapso. 

Ao analisarmos Norman, podemos ampliar nossa compreensão sobre transtornos dissociativos, a influência dos traumas e a importância da escuta clínica. O filme nos convida a olhar para o sofrimento psíquico com mais profundidade, empatia e responsabilidade. 

A arte tem o poder de provocar e informar, e Psicose é um excelente exemplo disso. 

Quer entender mais sobre como o poder inconsciente influencia nossas decisões e ações? Leia o artigo completo da psicóloga Mônica Freires e descubra como o inconsciente molda nossa vida cotidiana.

Créditos: 1000 Frames of Psycho (1960) – frame 930 – The Alfred Hitchcock Wiki

Copyright: Universal Studios.

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